Thursday, June 26, 2008

não há demónios
de voz de enxofre
e pele de cal

[sei-o bem
eu - que encontro
demónios em cada latitude
e em cada travessa]

há o homem ensonado
que passou em claro
a prédica do mestre

o ser ensolarado
que veste de poente
voltado para o levante

há o ser só
mudo de raiva
pontapeando o alento

o homem cansado
destilando o vírus
de pele cava

e existo enfim
de voz queimada
e pele lisa

[holofotes virados
para dentro de mim
lá fora a escuridão]

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