Sunday, April 22, 2007

O meu lugar é o não lugar
Dos cliques reaccionários
E sintetizador sou do sempre

Imparável

O meu lugar é não-lugar
Das inconsequências
E o desmérito sem préstimo
Das passerelles dos amadores
E dos mentais embaraços vários

O meu é o meu lugar
É o mau sentido do questionável
(“filha da puta de mania”)
e das torções de pescoços

Que se torcem depressa a mirar
Os dejectos lançados fora

O meu é um mau lugar
Eivado de seivas e levas
Das enxurradas e aluviões
Já de si tidas pelos contempladores
De dejectos lançados

A escolha é o meu não lugar
E assim é a porra da contradição

O meu lugar é o daquele
Que escreve com mania de quem quer ser grande mesmo sabendo que não chegará a lado nenhum, pois o não-talento cortar-lhe-á as pernas e as silvas, porventura, que lhe barram o caminho, e os tendões, e os espinhos a cravar de encontro ao cérebro
É tudo o diabo de uma mitologia, e a sentença de quem nem sabe do que foi sentenciado, e do que será julgado...

Ocorrem-me as estúpidas questões dos primordiais tempos
Em que deixaram as fogueiras limpar ao homem a sua limpeza corporal –
Corporal de nada ter que pensar
Voltamos, ainda bem, dizem eles?, a esses tempos

(...)

Um como que aperto e tilintar de cortes sanguíneas e tronos de ossos é o que me serve de agora em diante, ao tilintar estas linhas. Mas nada parece me servir. Será essa a miserável escorreita simples complexa contraditória sumarenta carnuda conclusão?
Nem posso eu acordar nas órbitas dela?
Nem isso?

Onde estou eu?
Onde é o meu lugar?

O meu lugar é o não lugar
Do consciente sempre perseguido
Porém enganado pelas túmidas
E epidémicas contradições
Mal escritas, ainda por cima,
Desse tilintar de peito que nos faz
De si pouco ou muito – homens

[2004/2007]


1 comment:

Anonymous said...

Bravo!
JN