O meu espírito é sereno, tom de pastel
Os meus passos flúem lentos
Serpenteando searas de trigo,
Onde poiso levemente a ponta dos dedos nas espigas
E Zéfiro sopra, desprendendo-me os cabelos.
A seara ondula e ronrona de odor seco e doce
E o firmamento inteiro, opaco e morno, envolve.
E eu vagueio sem lugar para onde ir…
Deixando poisar no meu olhar um modo lunar…
Refugiei-me nas entranhas da Terra Prenhe
No Tempo em que a Terra segredava à Deusa o seu saber.
Espero pelo fim do anoitecer.
[Mónica Prozil]
O meu espírito é tumulto, tons de sangue em coágulo
Os meus passos fluem descompassados
Serpenteando canaviais
Onde roço, louco, as mãos nas canas
E Ceres acena-me de longe – de ancas opulentas.
Os canaviais ondulam de aguardente a vir, com odor seco
E a maresia inteira, suja, trespassa-me e envolve.
E eu vagueio com a morte nos meus olhos...
Deixando pousar no meu sobrolho um modo de esgar...
Refugiei-me no útero da Terra que jorra vinho da sua mama
No tempo... no tempo em que Ceres me amou.
Espero pelo meu amanhecer.
[Dinarte Vasconcelos]
Obrigado à Mónica!
Tuesday, November 07, 2006
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1 comment:
Parabéns! Adorei e adoro os vossos opostos! Força!
Jany
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