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- Duarte, há quanto tempo não resolves um crime?
- Há quanto tempo... o chefe suspeita que eu tou a perder competência?
- Não tás com certeza melhor do que tavas! Bem, mas deixa lá isso. Temos agora merda da grossa. Este vais tomar conta dele.
- E o que é?
- Olha, uma coisa como tu gostas. Um gajo que levou uma bala na puta das ventas.
- Mais alguma coisa que me queira dizer, antes de ir ao local do crime?
- Não.


- Duarte, tens tomado os anti-depressivos?
- Esqueço-me.
- Humm. E tás melhor, amor?
- Não.


- Miguel, que foi que encontraram quando chegaram aqui?
- Bem, o homem tava sentado ali à secretária, tombado. Um tiro na zona da boca. Dispararam de frente, morreu logo. Uma coisa do estupor. Será derivado a negócios, dinheiro, ou quê? Mulheres?
- Não sei, vou ver. Até logo.
- Não vais inspeccionar isto melhor?
- Não.


- Que andas a fazer, rapaz? Andas perdido, olha-me esses olhos, fundos, raiados de sangue. Tens dormido?
- Não.
- Porra, ainda não melhoraste?
- Não.
- Bem, vai-se falar um bocado. Vamos até ali à tasca, pago-te uma água.
- Não vou, João. Tenho que trabalhar.
- Homem, anda lá!
- Não.