Há bem pouco tempo atrás,
numa fictícia revista
pediram-me um bem fictício poema:
“nada de simplicidades, nada de sistemas,
nada de motes, cruzes e lemas,
nada de lições, enigmas e dilemas”;
apenas, diziam-me
– um murro sanguíneo,
a percorrer escadas e levadas –,
duas ou três imagens: um poema.
“Eu não sei escrever poemas”, disse.
Nada a cantar do que alguma vez visse.
Nem o pássaro alado que transporta os cristais do mar
– e que tudo faz: menos um simples voar;
ou a imediata porta
que se abre aos penedos da alma
(entram todos, é preciso ter calma!),
encimada pela janela em grade,
onde está a bela moça que há-de
alimentar o pássaro sôfrego de vida
e de instrumentos e imagens pouco sinceros.
Não sei poemas, não os entendo.
Passo na rua, desconfiado,
e se acaso me vêem, alado,
olham para mim com enfado.
numa fictícia revista
pediram-me um bem fictício poema:
“nada de simplicidades, nada de sistemas,
nada de motes, cruzes e lemas,
nada de lições, enigmas e dilemas”;
apenas, diziam-me
– um murro sanguíneo,
a percorrer escadas e levadas –,
duas ou três imagens: um poema.
“Eu não sei escrever poemas”, disse.
Nada a cantar do que alguma vez visse.
Nem o pássaro alado que transporta os cristais do mar
– e que tudo faz: menos um simples voar;
ou a imediata porta
que se abre aos penedos da alma
(entram todos, é preciso ter calma!),
encimada pela janela em grade,
onde está a bela moça que há-de
alimentar o pássaro sôfrego de vida
e de instrumentos e imagens pouco sinceros.
Não sei poemas, não os entendo.
Passo na rua, desconfiado,
e se acaso me vêem, alado,
olham para mim com enfado.
2 comments:
Gostei bastante; um dos que mais gostei. É tudo o que me apraz dizer-te. Sem lições.
Abraço,
P
Excelente.
JN
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