devaneando

É impressão minha,
ou estes sapatos castanhos estão
cada vez mais escuros?

Eu apetecia-me escrevinhar-me agora
e ao quotidiano insosso
neste momento
Mas não vale a pena dizer nada
quando não há nada para dizer

Apenas de que em Canárias gostei do café
e o turismo de massas tem
as suas virtualidades,
mesmo para um anti-multiculturalista -
como aquele que em mim, cosmopolitano,
vou descobrindo, suscitado

Derramei, da boca para a mesa,
cerveja sobre a mesa
e mesas sobre a cerveja
[isto está a correr mal, insisto]

"Gostas daquela gaja?"
- ouço por detrás de mim;
e risos, gargalhadas sem gargalos,
com cafés e copos de água

Os sapatos estão mais escuros
talvez da humidade que os
meus pés libertam

É isso! Eu não liberto
humidade suficiente do corpo
Os poros encontram-se trancados

[Eu estou à procura de uma
daquelas frases ou versos fixes
para acabar isto]

Acabo assim: com uma mente vazia
Neste café