Não há exercício mental mais deprimente do que o exercício do contra-factual. Perguntarmo-nos, constante arremesso de lâminas contra nós próprios - e contra os outros -, "se", "se as coisas tivessem sido outras"; ou, em vez das coisas, "se outras circunstâncias fossem aquelas que...". Enfim... É exercício deprimente; é procedimento exaustante; é acto perigoso. E é marca de insatisfação.
E pode ser extasiante! Se o facto consumado é falho de resultados ou perspectivas, o "se" sonhador pode ser válvula de escape - que toldará, porventura e irremediável, o destrinçar entre o real e o irreal.
E pode tornar dormente... "Se eu fosse" algo que não isto, nunca serei isto, nem serei o que de facto vier a ser.
Pode ser complicado - mas é verdade.
Pense-se, com efeito, se, após um facto, elaborarmos, constante, o contra-facto que lhe corresponde. É possível? Não?! E "se" for?
1 comment:
Esse contra-factual tem sido muitas vezes violento na minha vida; como o tem, de forma crescente, sido nos tempos presentes...
A friend of Mr. Manuel Gomes de Lima Bezerra
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